Com Wall Street em queda e alta nos Treasuries, B3 sofre correção generalizada em um dia de aversão ao risco.
Após alcançar na terça-feira (21) a máxima histórica de 140.109 pontos, o Ibovespa sofreu forte correção no pregão seguinte, encerrando a quarta-feira (22) com queda de 1,59%, aos 137.881 pontos, acompanhando o movimento de aversão global ao risco que tomou conta dos mercados.
A onda vendedora teve origem em Wall Street, onde os principais índices despencaram diante do avanço do projeto de corte de impostos nos Estados Unidos, promovido por Donald Trump, e da percepção de descontrole fiscal na maior economia do mundo. O Dow Jones recuou 1,91%, o S&P 500 caiu 1,61% e o Nasdaq perdeu 1,41%.
O estresse nos mercados foi amplificado pela alta expressiva dos juros longos nos EUA, com os yields dos Treasuries de 10 e 30 anos ultrapassando as marcas de 4,58% e 5%, respectivamente. Esse movimento tornou os ativos de risco — como ações e moedas de países emergentes — menos atrativos, levando a um ajuste de portfólios.
Na B3, o movimento foi generalizado: apenas 13 das 87 ações da carteira teórica do índice fecharam em alta. Empresas sensíveis à curva de juros e à confiança do consumidor lideraram as perdas. Destaque para Marcopolo (-6,94%), Cyrela (-5,61%), MRV (-5,56%) e Vamos (-6,60%).
O setor financeiro também contribuiu negativamente: Itaú PN caiu 2,01%, Santander Unit 2,00%, Bradesco PN 1,78% e BB ON 0,94%. Nem mesmo os gigantes Vale (-1,28%) e Petrobras ON (-0,85%) escaparam, ainda que o petróleo tenha oscilado positivamente pela manhã.
Apesar da forte realização, o Ibovespa ainda acumula alta de 2% em maio, sustentada por fluxo estrangeiro nas semanas anteriores e pela revisão otimista de bancos internacionais sobre os ativos brasileiros.
Visão Radar sobre a notícia:
O ajuste do Ibovespa reflete uma correção técnica esperada após a sequência de recordes, mas também indica a sensibilidade da bolsa brasileira ao cenário externo, especialmente quando o risco fiscal global e a alta de juros nos EUA ganham protagonismo. O movimento serve como alerta para o investidor: a valorização recente não elimina os riscos à frente.
Impacto nos ativos:
- 🔴 Ibovespa: Negativo – correção técnica com pressão externa
- 🔴 Dólar: Leve pressão compradora – menor fluxo para emergentes
- 🔴 DI: Negativo – mercado exige prêmios maiores no Brasil
- 🔘 Bitcoin: Neutro – efeito indireto via aversão global ao risco