DI embute prêmios diante da incerteza sobre o compromisso do governo com o equilíbrio orçamentário e o avanço dos yields americanos.
O mercado de juros futuros viveu uma sessão de forte estresse nesta quarta-feira (21), com a curva dos DIs refletindo simultaneamente dois focos de incerteza: o risco fiscal brasileiro diante do aguardado Relatório Bimestral de Receitas e Despesas, e a escalada dos juros longos nos Estados Unidos com o avanço do projeto de corte de impostos do ex-presidente Trump.
Na ponta curta da curva, o DI para janeiro de 2026 subiu a 14,750%, contra 14,735% no dia anterior, enquanto o contrato para janeiro de 2027 superou os 14% pela primeira vez em semanas, marcando 14,055%. Os vencimentos mais longos também dispararam: DI jan/29 foi a 13,665%, jan/31 a 13,890%, e jan/33 a 13,960%.
O movimento reflete o temor de que o governo brasileiro não apresente um plano de contingenciamento crível no relatório fiscal, que será apresentado nesta quinta-feira. Mesmo com falas tranquilizadoras dos ministros Haddad e Tebet, o mercado permanece cético diante da sucessão de anúncios de programas sociais e isenções com impacto indireto nas contas públicas.
No exterior, a pressão veio da alta expressiva nos yields dos Treasuries, puxada por temores de descontrole fiscal nos EUA. A taxa da Note de 10 anos saltou para 4,586%, enquanto a do T-Bond de 30 anos rompeu a barreira psicológica dos 5%. O ambiente externo hostil combinou-se com a fragilidade interna e resultou na reprecificação total da curva brasileira.
A leitura do mercado é clara: sem uma âncora fiscal realista, o prêmio de risco continuará aumentando. Investidores passam a exigir mais para manter posição em ativos de renda fixa local, o que pode impactar diretamente o custo do crédito no país e travar investimentos.
Visão Radar sobre a notícia:
A escalada dos juros futuros mostra que o mercado não está mais disposto a comprar narrativas otimistas sem contrapartidas reais. O Brasil enfrenta o risco de ver a sua curva de juros se descolar dos fundamentos se o governo seguir na direção de populismo fiscal camuflado.
Impacto nos ativos:
- 🔴 DI: Negativo – alta generalizada na curva
- 🔴 Ibovespa: Negativo – juros mais altos pressionam valuation
- 🔴 Dólar: Negativo – aumento do risco fiscal e saída de capital
- 🔘 Bitcoin: Neutro – possível valorização como ativo alternativo em cenário de incerteza
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