Taxa média de juros para a iniciativa privada atingiu o maior patamar da série histórica, iniciada em 2011
O Crédito do Trabalhador anunciado em março pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não tem levado à redução das taxas de juros cobradas nas operações de crédito consignado. Pelo contrário, o BC (Banco Central) mostrou que, para trabalhadores da iniciativa privada, o juro médio aumentou de 2,90% em fevereiro, antes do anúncio, para 3,94% ao mês em abril, o recorde da série histórica, iniciada em 2011.
Os dados constam no relatório “Estatísticas monetárias e de crédito”, publicado mensalmente pela autoridade monetária. O Crédito do Trabalhador permite que brasileiros com carteira assinada usem 10% do saldo do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) como garantia nas operações de crédito consignado. Podem usar também a multa rescisória, que equivale a 40% do saldo do FGTS, em caso de demissão sem justa causa.
As parcelas do empréstimo são descontadas diretamente na folha de pagamento. As instituições financeiras retêm os recursos sem a intermediação das empresas do contratante da operação. A medida serve para tornar o crédito mais acessível.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a proposta do governo era revolucionária e viabilizaria diminuir os juros pela metade. O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, esperava uma taxa próxima à das aplicadas aos aposentados e funcionários públicos.
DOBRO DOS DEMAIS
O Banco Central divulga mensalmente a taxa média de juros em modalidades de crédito. No caso do consignado para funcionários públicos e beneficiários do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), a alta foi bem menor nos últimos 2 meses:
- Funcionários públicos: de 1,91% para 1,96% ao mês (+0,05 ponto percentual);
- Aposentados e pensionistas: de 1,78% para 1,81% ao mês (+0,03 ponto percentual).
A taxa média de juros do crédito consignado aumentou mais para os trabalhadores da iniciativa privada, alvos do programa Crédito do Trabalhador do governo. O juro médio aumentou 1,04 ponto percentual de fevereiro a abril.
O Poder360 já havia mostrado que, em simulações, as taxas oferecidas pelas instituições financeiras no Crédito do Trabalhador eram superiores à média de mercado.
ESTOQUE DE CRÉDITO
Apesar de o Crédito do Trabalhador não ter resultado na queda dos juros, o estoque das operações do consignado para a iniciativa privada aumentou. Avançou de R$ 41,18 bilhões em fevereiro para R$ 45,29 bilhões em abril, uma alta de R$ 4,11 bilhões (+10%).