Ex-ministros de Bolsonaro negam teor golpista em reunião ministerial

by Radar Invest News

Em depoimento ao STF, Adolfo Sachsida, Bruno Bianco e Wagner Rosário minimizam críticas do ex-presidente a urnas de votação em 2022

Em depoimento ao STF (Supremo Tribunal Federal) nesta 5ª feira (29.mai.2025), ex-ministros de Jair Bolsonaro (PL) negaram que o ex-presidente tenha discutido uma “ruptura democrática” em reunião ministerial de julho de 2022.

Adolfo Sachsida (ex-Minas e Energia), Bruno Bianco (ex-advogado-geral da União) e Wagner Rosário (ex-ministro da Controladoria Geral da União) depuseram como testemunhas do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres, réu na ação penal por tentativa de golpe de Estado. Segundo os ex-ministros, Bolsonaro discutiu de maneira genérica o tema das eleições.

Os questionamentos se referem a uma reunião de 5 de julho de 2022, cuja gravação embasou a operação da PF (Polícia Federal) Tempus Veritatis que, posteriormente, originou a ação penal por tentativa de golpe.

Segundo a denúncia da PGR (Procuradoria Geral da República), na ocasião, Bolsonaro teria orientado todos os seus ministros de governo a repetirem em seus discursos a teoria de que o sistema eleitoral brasileiro é fraudulento. “Daqui para frente, eu quero que todo ministro fale o que eu vou falar aqui e vou mostrar. Se o ministro não quer falar, ele vai ter que falar pra mim porque ele não quer falar”, afirmou Bolsonaro.

O ex-presidente seguiu a fala com tom de ameaça de demissão: “Se não tiver argumento para me devolver do que eu vou mostrar, não vou querer papo com esse ministro. Está no lugar errado”.

Assista (1min21s):

Em depoimento ao STF, Sachsida, presente na reunião em questão, disse que não se lembra de ter discutido sobre a tentativa de golpe de Estado ou abolição violenta do Estado democrático de Direito. Também declarou que não se recorda de ouvir Anderson Torres falar durante o encontro.

Bianco, por sua vez, disse que foi convocado à reunião para falar de uma cartilha da AGU (Advocacia Geral da União) sobre condutas vedadas a agentes públicos e políticos que ocupam cargo e concorrem nas eleições. Em seu depoimento, o ex-advogado-geral da União declarou que não ouviu nenhum assunto que envolvesse uma “ruptura democrática”.

“Na minha leitura, estávamos num período eleitoral, de ânimos acirrados por questões eleitorais. Havia uma posição específica sobre as posturas nesse período, mas eu não vi qualquer tipo de questão que envolvesse ruptura”, declarou.

Por fim, Rosário, disse que discutiram sobre o processo eleitoral e como as instituições agiriam naquele momento. Segundo o ex-ministro da CGU, falaram sobre “possíveis fragilidades no sistema de votação eletrônica, que visavam o aprimoramento para ter um resultado fidedigno”.

DEPOIMENTOS

A 1ª Turma do STF começou a ouvir em 19 de maio os depoimentos das testemunhas indicadas pelo núcleo crucial da tentativa de golpe. Segundo a PGR, o grupo teria sido o responsável por liderar a organização criminosa.

Depuseram nesta 5ª feira (29.mai) as testemunhas de Anderson Torres:

  • Adolfo Sachsida, ex-ministro de Minas e Energia;
  • Bruno Bianco, ex-advogado-geral da União; e
  • Wagner Rosário, ex-ministro da CGU (Controladoria Geral da União).

O ex-ministro da Economia de Bolsonaro, Paulo Guedes, o ex-ministro da Secretaria de Governo Celio Faria e o ex-vice-advogado-geral da União Adler Cruz e Alves também seriam ouvidos, mas a defesa de Torres desistiu dos seus depoimentos no início da audiência desta manhã.

Os depoimentos das testemunhas de Torres continuarão na 6ª feira (30.mai). As oitivas devem ser finalizadas até 2 de junho. No mesmo dia, também falarão as testemunhas indicadas por Jair Bolsonaro, pelo ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e pelo general Walter Braga Netto, todos réus por tentativa de golpe.

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