Militar foi indicado como testemunha do ex-ministro da Justiça Anderson Torres em ação por tentativa de golpe, mas não compareceu
O general Gustavo Gustavo Henrique Dutra de Menezes foi intimado nesta 5ª feira (29.mai.2025) pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes para depor como testemunha do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres na ação penal por tentativa de golpe.
Dutra, que hoje é 5º subchefe do Estado-Maior do Exército, foi chefe do Comando Militar do Planalto durante o 8 de Janeiro. Foi demitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na tentativa de fazer uma “limpa” de militares envolvidos com os atos extremistas de 2023, como mostrou o Poder360.
Dutra foi investigado pelo Ministério Público Militar sobre uma possível falha de planejamento, negligência ou omissão durante os atos extremistas de 2023.
Em setembro de 2023, o general prestou depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do 8 de Janeiro no Congresso Nacional. Na ocasião, afirmou que o Exército tinha uma “estratégia indireta” para desmobilizar os acampamentos de apoiadores de Bolsonaro em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília. Ele negou que os militares tenham sido omissos.
O militar disse que convenceu Lula a não mandar prender os extremistas logo depois da invasão aos prédios dos Três Poderes, porque a ação teria se dado “sem planejamento”, o que poderia “terminar a noite com sangue”.
No dia seguinte, em 9 de janeiro de 2023, a PF (Polícia Federal) deteve os acampados e a polícia militar do DF desmobilizou a estrutura em frente ao quartel.
INTIMAÇÃO
A intimação de Gustavo Dutra se deu depois de o militar faltar ao depoimento no Supremo na 4ª feira (29.mai), como testemunha de Anderson Torres. Segundo Raphael Menezes, advogado de Torres, não foi possível convencer o general a comparecer.
Antes do início das audiências desta 5ª feira (29.mai.2025), o advogado de Torres pediu que o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, intimasse o militar. De acordo com Raphael Menezes, o depoimento de Dutra é pertinente porque ele falará sobre os acampamentos em frente ao quartel-general do Exército que antecederam o 8 de Janeiro.
Moraes concordou com a intimação e informou que ele deverá depor na 2ª feira (2.jun), último dia de audiência das testemunhas do núcleo crucial da ação por tentativa de golpe.
As testemunhas de defesa não são obrigadas a prestar depoimento a menos que sejam intimadas pelo STF. Apesar da insistência, a defesa de Torres desistiu dos depoimentos de outros indicados, como o ex-ministro da Economia de Jair Bolsonaro (PL) Paulo Guedes.
Os advogados também abriram mão dos depoimentos do ex-ministro da Secretaria de Governo Celio Faria e do ex-vice-advogado-geral da União Adler Cruz e Alves. Entre os ministros de Bolsonaro, somente Adolfo Sachsida (Minas e Energia) e o advogado-geral da União Bruno Bianco foram ouvidos.
DEPOIMENTOS
A 1ª Turma do STF começou a ouvir em 19 de maio os depoimentos das testemunhas indicadas pelo núcleo crucial da tentativa de golpe. Segundo a PGR, o grupo teria sido o responsável por liderar a organização criminosa.
Depuseram nesta 5ª feira (29.mai) as testemunhas de Anderson Torres:
- Adolfo Sachsida, ex-ministro de Minas e Energia;
- Bruno Bianco, ex-advogado-geral da União; e
- Wagner Rosário, ex-ministro da CGU (Controladoria Geral da União).
Os depoimentos das testemunhas de Torres continuarão na 6ª feira (30.mai). As oitivas devem ser finalizadas até 2 de junho. No mesmo dia, também falarão as testemunhas indicadas por Jair Bolsonaro, pelo ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e pelo general Walter Braga Netto, todos réus por tentativa de golpe.