Azul recebe financiamento emergencial de US$ 250 mi

by Radar Invest News

Valor faz parte do processo de recuperação judicial da companhia aérea; ao todo, empresa receberá R$ 1,6 bilhão

O vice-presidente Institucional e Coorporativo da Azul, Fabio Campos, disse nesta 6ª feira (30.mai.2025) que a companhia já recebeu US$ 250 milhões do aporte emergencial previsto no pacote de financiamento DIP (Debtor-in-Possession) do processo de recuperação judicial (Chapter11) da empresa. O valor total pode chegar a US$ 1,6 bilhão. Eis a íntegra do documento apresentado (PDF — 4Mb).

A empresa teve o 1º dia de audiência na 5ª feira (29.mai.2025) e apresentou pedidos para seguir operando na normalidade. A Azul ainda poderá receber até US$ 950 milhões de credores e parceiros estratégicos para fortalecer sua posição financeira durante a reorganização.

Segundo Campos, o recebimento do aporte será dividido em 3 partes e liberado com o andamento das audiências. A 2ª audiência foi agendada para 9 de julho, quando a empresa começará a trabalhar o plano de saída do processo.

A Audiência de Confirmação, quando a Corte norte-americana aprovará, ou não, o plano da Azul para a saída do processo de recuperação judicial, ainda não tem data prevista.

Campos afirma que, com o apoio dos parceiros da empresa, há confiança de que a Azul deve “concluir toda a parte judicial até o final do ano e sair do processo até o começo do ano que vem”.

Segundo ele, mesmo em processo de restruturação, a Azul seguirá operando normalmente e “honrando” o compromisso com os clientes e parceiros.

Entenda o caso

A Azul anunciou na 4ª feira (28.mai.2025) uma redução de 35% em sua frota após solicitar recuperação judicial nos Estados Unidos. A companhia aérea também revisou para baixo suas previsões de receita para os próximos anos.

Segundo documento enviado pela empresa à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), o objetivo da diminuição da frota é “melhorar a resiliência e reduzir o risco geral, a exposição cambial e a alavancagem”.

A decisão de entrar com o pedido de recuperação judicial foi tomada depois que a companhia registrou prejuízo de R$ 1,8 bilhão no 1º trimestre de 2025, conforme apontam técnicos da SAC (Secretaria de Aviação Civil), vinculada ao Ministério de Portos e Aeroportos.

No final de março, a Azul operava 184 aeronaves de passageiros, conforme dados do balanço do 1º trimestre divulgado pela companhia. A expectativa é de que o processo de recuperação judicial seja finalizado entre o final deste ano ou início de 2026.

O pedido foi protocolado nos EUA, onde as dívidas com arrendadores de aeronaves são automaticamente suspensas quando se inicia o processo.

Com a revisão das projeções financeiras, a Azul manteve a previsão de receita para 2025 em R$ 22 bilhões, mas reduziu as expectativas para os anos seguintes.

  • Para 2026, a projeção passou de R$ 24,6 bilhões para R$ 23,1 bilhões.
  • Para 2027, a estimativa caiu de R$ 27,9 bilhões para R$ 24,9 bilhões.

A empresa estima reduzir as obrigações com arrendamentos de aeronaves em US$ 744 milhões entre 2025 e 2029 com o pedido de recuperação judicial. Segundo Campos, a redução da frota não afetará a malha aérea da companhia e qualquer eventual mudança faz parte da atualização estratégica da empresa.

“Os 35% tirados de circulação são aeronaves do modelo Embraer 9 que já não estão voando. Estavam paradas por falta de motores ou falta de peças. A frota já está mapeada, vamos ficar com aeronaves de nova geração”, afirmou.

Segundo ele, mudanças de malha aérea vão acontecer, mas que esse é o processo natural de uma companhia. “Não haverá cortes na malha. A Azul vai se adaptando de acordo com o entendimento da empresa para otimizar a frota. O quadro de funcionário também não deve ter impacto com nenhum tipo de desligamentos em massa ou fechamento de bases”.

Efeitos da pandemia

O setor aéreo não tem linha de financiamento perene e sustentável, como a construção civil e o agro, segundo o vice-presidente Institucional e Coorporativo da Azul. Para ele, essa será uma das principais reivindicações do setor, que ainda sente os impactos negativos da pandemia da covid-19.

“O mundo mudou da noite para dia por causa da pandemia. Até 2019 a Azul era uma das empresas mais robustas do mercado. Na pandemia, vários governos do mundo tiveram aporte governamental para a aviação, no Brasil não”, afirma Campos.

Ele diz que a aprovação do Fundo Nacional de Aviação Civil em 2024 foi uma boa notícia mas, que ainda não receberam dinheiro algum. O que colaborou com a decisão da empresa de entrar com pedido de recuperação judicial.

“A implementação ainda não aconteceu. O dinheiro não chegou. A impossibilidade de acessar esses fundos fez parte da decisão pela recuperação judicial.”

Fusão fica distante

Com o pedido de recuperação judicial, uma possível fusão entre a Azul e a Gol deve ficar mais distante, segundo Campos. Ele afirma que o foco da Azul será o processo de recuperação judicial e reestruturação da empresa.

“O foco de companhia ficará no processo de restruturação atualmente”, afirmou.

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