Em depoimento ao STF, ex-ministro da Casa Civil diz que mudança para governo Lula estava “dentro da normalidade”
O senador Ciro Nogueira (PP-PI) disse nesta 6ª feira (30.mai.2025) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não tentou atrapalhar a transição para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022. O congressista foi ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro e comandou a equipe de transição. Segundo ele, o processo foi conduzido “dentro da normalidade” e sem obstáculos introduzidos pelo ex-presidente.
“O presidente, em minuto nenhum, quis obstaculizar qualquer tipo de situação para que a gente pudesse fazer a transição da melhor forma”, declarou em depoimento ao STF (Supremo Tribunal Federal).
O senador foi indicado como testemunha de Bolsonaro, do ex-ministro da Justiça Anderson Torres e do ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, na ação por tentativa de golpe de Estado na qual são réus.
No depoimento, Ciro afirmou que foi nomeado por Bolsonaro para comandar a equipe de transição enquanto os caminhoneiros protestavam nas rodovias contra a vitória de Lula em novembro de 2022.
“O dia que nós iniciamos foi no período que estava tendo a greve dos caminhoneiros e eu precisava do aval dele para iniciar a transição para que os caminhoneiros parassem de desobstruir as rodovias. Eu solicitei que ele fizesse uma declaração para iniciar a transição e ele determinou dessa forma”, declarou ao STF.
De acordo com o senador, Bolsonaro estava “deprimido” e com problemas de saúde, em razão de uma infecção bacteriana na perna e, por isso, se recolheu no Palácio da Alvorada durante o período e não participou da transição. Afirmou que, por ter o comando, não precisava despachar com o ex-presidente.
“Eu não precisava despachar com ele, porque ele já tinha me dado o comando. A nossa equipe transmitiu todas as informações para a equipe de Lula, chefiada pelo [vice-presidente] Geraldo Alckmin”, declarou.
DEPOIMENTOS
A 1ª Turma do STF começou a ouvir em 19 de maio os depoimentos das testemunhas indicadas pelo núcleo crucial da tentativa de golpe. Segundo a PGR, o grupo teria sido o responsável por liderar a organização criminosa.
Depuseram nesta 6ª feira (30.mai) as testemunhas de Anderson Torres, Jair Bolsonaro e Paulo Sérgio Nogueira:
- Ciro Nogueira (PP-PI), senador e ex-ministro da Casa Civil;
- Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), governador de São Paulo e ex-ministro da Infraestrutura;
- João Hermeto (MDB-DF), deputado distrital e relator da CPI dos Atos Antidemocráticos;
- Ana Paula Marra, secretária-adjunta de Desenvolvimento Social; e
- Espiridião Amin (PP-SC), senador.
Os depoimentos das testemunhas de Torres continuarão na 6ª feira (30.mai). As oitivas devem ser finalizadas até 2 de junho. No mesmo dia, também falarão as testemunhas indicadas por Jair Bolsonaro, pelo ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e pelo general Walter Braga Netto, todos réus por tentativa de golpe.
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