Deputado diz que o STF “se relaciona com os outros Poderes na base da extorsão” e que aceitaria ser candidato a presidente “se for uma missão dada pelo meu pai”
O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou, em entrevista à Veja publicada nesta 6ª feira (30.mai.2025) que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes comete “sucessivos abusos” e que a Suprema Corte “se relaciona com os outros Poderes na base da extorsão”.
Durante a entrevista, concedida em Dallas (EUA), onde reside atualmente, Eduardo falou também sobre suas pretensões eleitorais para 2026. Questionado se aceitaria candidatar-se à Presidência, respondeu que “obviamente, se for uma missão dada pelo meu pai, vou cumprir”.
Apesar da sinalização, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reafirma que o pai, declarado inelegível pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por 8 anos, deveria ser o candidato, pois o seu impedimento, nas palavras de Eduardo, se deu “por motivos esdrúxulos”.
INQUÉRITO DA PGR
Eduardo também comentou a abertura de um inquérito pela PGR (Procuradoria-Geral da República) para investigar a atuação do deputado nos EUA em ações contra autoridades brasileiras. O deputado negou que haja qualquer ilegalidade em suas atividades. “Se eu estivesse fazendo algum ato criminoso, então as autoridades americanas com as quais eu me relaciono estariam cometendo o mesmo delito”.
Para Eduardo, assim como o processo que corre no STF contra o pai, sobre aquilo que, segundo a PF (Polícia Federal) e a PGR, foi uma tentativa de golpe em 2022, o inquérito aberto contra ele “visa também me condenar, provavelmente para me tirar da corrida de 2026. O objetivo do Moraes é claro: acabar com o movimento liderado por Jair Bolsonaro. É só esse”.
Questionado sobre o que, de fato, ele faz nos EUA, o deputado respondeu: “A gente vem tendo reuniões periódicas na Casa Branca e no Congresso”. Eduardo também citou como interlocutores estrangeiros o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, e o presidente argentino, Javier Milei. “Fico muito satisfeito de me sentir útil”, acrescentou.
Segundo o filho de Bolsonaro, a investigação da PGR “deu a oportunidade de provar aos americanos e ao mundo tudo o que sempre falamos: que de fato o Brasil está vivendo um regime de exceção”.
Em relação à nova política de vistos anunciada pelo Departamento de Estado dos EUA, que restringe a autorização a indivíduos estrangeiros que “censuram americanos”, o político disse estar confiante de que esse seria o início da aprovação de medidas do governo de Donald Trump (Partido Republicano) contra Moraes. “Não dá para falar em 100%, mas eu diria que há 99% de chance. O Brasil deveria ter tido a decência de conseguir parar o Alexandre de Moraes. Não aconteceu. Por isso, tivemos que recorrer aqui às autoridades americanas”, disse.
Eduardo Bolsonaro reiterou, na entrevista, suas críticas ao STF. Para ele, o tribunal deveria se ater às causas constitucionais sem ultrapassar as suas competências. “O Congresso Nacional hoje vive sob ameaça”, disse. “O STF se relaciona na base da extorsão com os outros Poderes”.
TENTATIVA DE GOLPE
O filho de Bolsonaro voltou a negar que tenha havido uma tentativa de golpe após as eleições de 2022, conforme entendeu a PF (Polícia Federal) e a PGR. Hoje, Bolsonaro e mais 30 réus respondem a um processo por esse e outros crimes no STF.
Dizendo “ter dúvidas” sobre os resultados eleitorais em 2022, que deram vitória a ele na Câmara dos Deputados e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Eduardo também qualificou como “falácia” e “espuma” o plano que, segundo a PF e a PGR, tinha como objetivo assassinar Lula, Moraes e o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB).
“As pessoas estão pagando o pato para que o Alexandre de Moraes construa a narrativa para justificar uma condenação do Jair Bolsonaro. No meu inquérito, adivinha quem é o relator? Alexandre de Moraes. Esse é o cara imparcial, é o juiz natural de um caso para me julgar. Logo eu que estou aqui no exterior denunciando os abusos que ele tem cometido. São sucessivos abusos”, disse, acrescentando que o julgamento do pai no STF é um “jogo de cartas marcadas, onde ele já está condenado”.
ELEIÇÕES 2026
Além de suas próprias pretensões, Eduardo falou sobre outros 2 candidatos que vêm sendo aventados como possíveis substitutos de Jair no campo da direita e do bolsonarismo: o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL).
Em relação à madrasta, Eduardo destacou o fato de ela ter “uma rejeição muito baixa, um discurso muito próximo das pessoas evangélicas e da pauta das mulheres”.
Já sobre o atual governador de São Paulo, disse: “Tarcísio é um excelente gestor. Mas ele tem dito que o objetivo dele é a reeleição ao governo de São Paulo. Foi um excelente ministro da Infraestrutura. Mas eu não sou dono da vontade de Jair Bolsonaro. Quem vai dizer o candidato hoje é ele”, disse.
Perguntado se vê a direita sem o bolsonarismo, Eduardo respondeu: “Não. Ele é o líder. Por onde a gente anda pelas ruas, o clamor segue o mesmo ou talvez até maior do que aquele que estava na eleição de 2022”, afirmou.
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