Controladora da companhia aérea afirma que a ausência de subsídios levou grandes empresas do setor à reestruturação
O CEO da Abra Group, Adrian Neuhauser, afirmou que o setor aéreo latino-americano segue enfrentando dificuldades financeiras em razão da ausência de apoio governamental durante a pandemia de covid-19. A companhia é controladora da GOL e da Avianca, linha aérea da Colômbia.
Segundo ele, a falta de subsídios forçou grandes companhias a passarem por sucessivas reestruturações para manter suas operações.
“Lembre-se de que a América Latina é, novamente, uma região pobre do mundo (…) Quando passamos pela covid, os governos tinham orçamentos limitados. Eles precisaram decidir o que fazer. Não recebemos, como setor em nossa região, praticamente nenhum apoio dos governos. Por isso que vemos todas essas companhias aéreas grandes e razoavelmente bem-sucedidas que tiveram de passar por uma reestruturação atrás da outra”, disse em painel da conferência anual da Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo), realizada em Nova Délhi, na Índia.
De acordo com a Iata, a região recebeu só 0,2% de toda a ajuda governamental global concedida ao setor aéreo durante a crise sanitária.
A escassez de apoio teve consequências diretas, com grandes companhias como Avianca, Latam, Aeroméxico, GOL e Azul recorrendo à recuperação judicial nos Estados Unidos através do Chapter 11.
No Brasil, as medidas emergenciais incluíram a prorrogação do reembolso de passagens e o adiamento do pagamento de taxas das concessões aeroportuárias. Contudo, não houve injeção direta de recursos financeiros no setor durante o auge da pandemia.
Em novembro de 2024, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), anunciou uma linha de crédito de R$ 4 bilhões, com previsão de liberação para o início de 2025. A medida, no entanto, não saiu do papel e deve ser adiada para setembro.
O redator Caio Barcellos viajou a convite da Iata.