Ministro da Fazenda afirma que os presidentes da Câmara e do Senado buscam alternativas para arrumar o “quadro herdado” dos governos anteriores
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta 3ª feira (3.jun.2025) que o impasse do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) foi “a melhor coisa que poderia ter acontecido”. Ele afirmou que o Legislativo se uniu com o Executivo para fazer um ajuste fiscal estrutural e arrumar o “quadro herdado” dos governos anteriores.
Ele participou do evento “Os três poderes e a democracia: conflitos e consensos entre as instituições”, organizado pela revista Piauí. Mais cedo, Haddad disse a jornalistas que as medidas eram robustas e precisariam do aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Haddad teve reunião na noite de 2ª feira (2.jun.2025) com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), para discutir o impasse sobre a alta do IOF. Em 28 de maio, os chefes das Casas legislativas deram 10 dias para Haddad apresentar uma alternativa ao aumento do IOF. Caso contrário, Motta deve pautar no plenário da Câmara um PDL (Projeto de Decreto Legislativo) para revogar o decreto que elevou o imposto.
“O que aconteceu de uma semana para cá foi a melhor coisa que podia ter acontecido. E nós devemos muito isso aos presidentes Hugo Motta e Alcolumbre, porque, quando a crise, vamos chamar assim, se instalou, o papel que se esperava dos 2 presidentes, institucionalmente falando, era exatamente o papel que eles cumpriram de uma maneira muito eficaz”, disse Haddad em evento da revista Piauí.
O ministro declarou que Motta e Alcolumbre procuraram alternativa estrutural ao aumento do IOF, que é uma medida conjuntural. “Diante do quadro que está se tentando arrumar, herdado dos governos anteriores, porque a deterioração do ambiente fiscal do Brasil tem mais de 10 anos. Chegou um momento que quer resolver, mas quer resolver de uma maneira inédita”, disse Haddad.
O ministro declarou que o Executivo e o Legislativo buscam “olhar” para quem deve contribuir para o ajuste fiscal, em referência aos mais ricos. “Nunca vi um governo, e eu falo em nome da área econômica, se dispor a fazer um ajuste sem penalizar a população mais fragilizada. Isso não aconteceu no Brasil nos períodos anteriores”, defendeu.
Haddad disse que o país, fará, pela 1ª vez, um ajuste que não é“recessivo” e aponte o dedo para as camadas que nunca “têm vez”. O ministro defendeu que as medidas deveriam ser apoiadas pelos opositores do governo.
“A maneira como sendo conduzido pelo Senado e Câmara, neste momento, a questão é a melhor possível. E eu fui o 1º a dizer: ‘Olha, entre uma solução conjuntural e uma solução estrutural não tenho dúvidas que eu vou ter a solução estrutural’. Mas ela está na mesma? Está. Então vamos seguir vamos seguir esse caminho”, disse Haddad.
IMPASSE DO IOF
Mais cedo nesta 3ª feira (3.jun.2025), o ministro da Fazenda disse que terá reunião com o Lula “no máximo até o começo da tarde” desta 3ª feira (3.jun.2025) para tratar sobre o conjunto de medidas que substituem o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
O pacote de medidas inclui uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição), um projeto de lei e, possivelmente, uma MP (medida provisória).
Lula afirmou para Haddad no fim de semana que queria o tema resolvido até esta 3ª feira (3.jun.2025). “Ele queria que na 3ª feira as coisas se resolvessem, para que ele pudesse viajar [para a França] mais tranquilo, com as coisas endereçadas. E eu acredito que o plano de voo está bom, até superior ao que fizemos no ano passado. Tem um alcance ainda maior do que fizemos no ano passado. Do meu ponto de vista, dá uma estabilidade duradoura para as contas no próximo período”, declarou.
O ministro declarou que foi uma “excelente conversa” com os presidentes da Câmara e do Senado. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), o líder do Governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), o secretário Especial de Análise Governamental da Casa Civil, Bruno Moretti, e o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, também participaram do encontro.
“Nós conseguimos apresentar ponto por ponto daquilo que já tinha sido sugerido por alguns parlamentares, dentre os quais os próprios presidentes das duas Casas, já com uma estimativa de impacto benéfico das contas públicas e estrutural”, disse Haddad. “Ou seja, não é uma coisa para resolver 2025. É uma coisa que tem impacto duradouro ao longo do tempo”, completou.
O ministro declarou que terá reunião com Lula sobre a derrubada do decreto do IOF e as medidas compensatórias. “Nós chegamos a um entendimento. [Há] Pequenos detalhes para serem arbitrados. De fato, pequenos. Eu penso que o plano de voo está bem montado. Vamos todos hoje, antes da viagem do presidente, apresentar a ele todos os pontos”, disse Haddad.