Lula perde o rumo e parece “preso ao passado”, diz Bloomberg

by Radar Invest News

Análise da agência afirma que o presidente “já não é o político mais popular do mundo” e indica perda de apoio de investidores e dúvidas sobre reeleição em 2026

A agência norte-americana Bloomberg publicou nesta 2ª feira (10.jun.2025) um artigo crítico ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com o título “Antes o ‘político mais popular do mundo’, Lula perde rumo. O texto afirma que o petista vive um momento de desgaste político e econômico, com queda de popularidade e perda de confiança do mercado.

Segundo a agência norte-americana, Lula vive um “declínio surpreendente” e está “preso ao passado”, apesar dos esforços do presidente em manter protagonismo internacional.

A reportagem indica o contraste entre o papel que Lula tenta desempenhar no cenário internacional e os desafios enfrentados no Brasil. Em uma recente viagem à China, o presidente teria, para a agência, adotado um tom “mais desafiador do que nunca”, ao “assinar acordos comerciais e de investimento, criticar Donald Trump e, de modo geral, aproveitar os holofotes globais que ele desfruta há muito tempo”.

Segundo a Bloomberg, Lula enfrenta uma realidade mais dura que nos seus 2 primeiras mandatos. O texto afirma que a inflação alta, a estagnação econômica e o aumento dos gastos públicos desgastaram a imagem do petistas.

“Lula reluta em aceitar críticas ou conselhos que não venham de um círculo cada vez menor de pessoas em quem confia”, afirma o texto. A análise aponta que o presidente “se baseia em uma abordagem que, embora bem-sucedida no passado, se mostra agora incapaz” de enfrentar a realidade atual do país.

A Bloomberg cita como exemplo dessa desconexão a forma como Lula tem lidado com o cenário econômico. Apesar do crescimento de 3,4% do PIB em 2024 e da queda no desemprego, a alta de preços reduziu o impacto positivo desses resultados. A inflação anual continua acima de 5% e pressiona a popularidade do presidente.

Outro ponto criticado é o que o texto chama de “estratégia ultrapassada”: medidas como o aumento do IOF para alcançar a meta fiscal — proposta revertida após reação negativa — e a tentativa de isentar salários de até R$ 5.000 do Imposto de Renda em pacote de corte de gastos. A publicação afirma que ações como essas aumentam a desconfiança do mercado em relação ao governo.

No campo político, a Bloomberg afirma que Lula não prepara um sucessor nem renova seu projeto. “Ele não tem um sucessor óbvio para regenerar seu movimento — e nenhum interesse aparente em preparar um”, escreve. O texto também aponta que o PT deixou de ser uma incubadora de ideias inovadoras desde que passou a se concentrar exclusivamente na libertação de Lula após sua prisão em 2018.

Entre os erros apontados pela publicação está o encontro com o presidente venezuelano Nicolás Maduro em 2023, interpretado como um afago a regimes autoritários. À época, Lula afirmou que Maduro era vítima de uma “narrativa de antidemocracia e autoritarismo”.

A agência ainda afirma que o presidente repete promessas do passado, como a busca por assento no Conselho de Segurança da ONU e a aposta em infraestrutura para impulsionar o crescimento. Também menciona sua irritação com o Banco Central e com o mercado financeiro, o que tem gerado tensão constante na equipe econômica.

Para a Bloomberg, Lula “parece apenas o rosto mais recente de uma gerontocracia teimosa que não abre mão do controle” e “não tem um sucessor óbvio para regenerar seu movimento — e nenhum interesse aparente em preparar um”.

Apesar das críticas, a análise reconhece que Lula segue competitivo nas pesquisas eleitorais, em um cenário ainda indefinido para 2026. A direita, diz a agência, está paralisada diante da inegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Lula continua competitivo nas pesquisas”, reconhece o texto, mas avalia que sua estratégia política e econômica perdeu força. “Muitos aliados reconhecem agora que a campanha de 2022 baseava-se em pura nostalgia, sem um programa com soluções inovadoras”, afirma a Bloomberg.

A avaliação é de que o presidente está cada vez mais isolado, com um “círculo cada vez menor de pessoas em quem confia”, e que sua popularidade está entre “as mais baixas de seus mandatos”.

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