Ministra diz não considerar deixar o cargo e cita redução do desmatamento como resultado do “esforço” do governo Lula
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, nega estar isolada dentro do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e diz que não cogita deixar o cargo. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Marina reconheceu contradições na base governista, mas afirmou que há empenho da administração federal na agenda ambiental. Como exemplo, citou a queda do desmatamento registrada nos últimos meses.
“O governo tem agido, mesmo em meio às contradições de uma frente ampla. Você acha que teríamos reduzido o desmatamento em todo o Brasil se não houvesse esforço coletivo de 19 ministérios?”, disse.
A fala se dá depois da aprovação no Senado, com apoio da base aliada, de um projeto que flexibiliza o licenciamento ambiental —pauta criticada por ambientalistas e considerada um retrocesso pela ministra.
Marina também deixou a Comissão de Infraestrutura da Casa na 3ª feira (27.mai) depois de embates com senadores, especialmente Plínio Valério (PSDB-AM), e recebeu apoio do presidente Lula.
Marina diz que sua saída da sessão foi um “ato político” e que avalia tomar medidas contra os ataques. “Os mecanismos de autocorreção precisam ser acionados, porque não é só uma questão daquele indivíduo que está desonrando seu mandato e seus eleitores, mas toda a Casa está sendo vituperada. É inaceitável para uma instituição, ainda mais o Senado”, afirmou.
A ministra avalia que a aprovação do projeto que altera as regras para a emissão de licenciamento ambiental não reflete uma rejeição à pauta do meio-ambiente, mas sim uma conjuntura de disputas internas e pressões econômicas.
A ministra aposta no diálogo com congressistas e na mobilização da sociedade para reverter retrocessos. “A sociedade já se mobilizou em muitos momentos para que seus representantes mudassem de posição”.
Sobre sua permanência no cargo, diz que não pensa em deixar o ministério. “Existem duas agendas no governo que o tempo todo estão em evidência: a econômica e a agenda ambiental”, afirmou.