Crise diplomática entre os países foi causada pelo assassinato de ativista sikh em 2023; Narendra Modi ainda não foi convidado para a cúpula deste mês
O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi (Partido Bharatiya Janata, nacionalista hindu e conservador), ainda não recebeu convite oficial para a 51ª Cúpula do G7, que reúne os líderes das 7 economias mais industrializadas do mundo. O evento deste ano será realizado de 15 a 17 de junho em Kananaskis, no Canadá. A presença do premiê é improvável, segundo a imprensa indiana.
O país-sede do encontro é o motivo para a possível ausência do indiano que, se confirmada, será a 1ª desde 2018. Canadá e Índia atravessam uma crise diplomática desde 2023 depois que o governo canadense acusou Nova Délhi de envolvimento no assassinato do ativista separatista sikh Hardeep Singh Nijjar. O governo Modi nega.
Narendra Modi assumiu como premiê da Índia em 2014 e participou de todas as cúpulas do G7 desde 2019. Jornais indianos dizem que, mesmo que o convite oficial seja feito, ele não deve viajar ao Canadá neste mês, encerrando a sequência de 5 reuniões –a de 2020 foi cancelada pela pandemia da covid-19.
As tensões entre os países se elevaram depois que o então premiê canadense Justin Trudeau (Partido Liberal, centro-esquerda) declarou que a Índia não estava colaborando com as investigações da morte de Hardeep Singh. O Executivo indiano classifica as acusações como “absurdas” e alegou que Trudeau tramava uma manobra política para ter apoio da comunidade sikh.
Hardeep Singh Nijjar, 45 anos, foi morto a tiros em 18 de junho de 2023 por 2 homens mascarados, segundo a imprensa canadense. Ele defendia a criação de uma nação independente sikh, minoria étnico-religiosa da Índia. O Calistão abrangeria parte do Estado indiano de Punjab.
Houve expulsão de diplomatas de ambos os lados tanto em 2023 quanto em 2024. Com a saída de Trudeau do poder em março de 2025, a expectativa era de uma reaproximação bilateral. A eleição de Mark Carney, do Partido Liberal do Canadá (o mesmo de seu antecessor), ainda não surtiu o efeito esperado, mas o novo premiê tem dado sinais de uma retomada nas relações.
A Índia deve se tornar neste ano a 4ª maior economia do mundo, ultrapassando o Japão, segundo projeção do FMI (Fundo Monetário Internacional). O país mais populoso do mundo também tem um PIB (Produto Interno Bruto) maior que Reino Unido, França, Itália e Canadá, todos integrantes do G7. Dentre as nações que não fazem parte do grupo, só a China tem um PIB nominal maior.
PAÍSES CONVIDADOS
A cúpula do G7 é realizada anualmente e tem sede rotativa entre seus 7 integrantes plenos e a União Europeia –que representa os demais países do bloco além de Alemanha, França e Itália. Cabe ao país-sede enviar os convites aos líderes de outras nações para participarem da reunião.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi convidado pelo governo canadense e deve representar o Brasil na cúpula. O petista foi a 8 encontros do G7 (G8 até 2014) em seus 3 mandatos. Não foi convidado em 2004 e 2010.
Além de Lula, foram convidados para a cúpula no Canadá:
- Anthony Albanese, primeiro-ministro da Austrália;
- Claudia Sheinbaum, presidente do México;
- Cyril Ramphosa, presidente da África do Sul;
- Volodymr Zelensky, presidente da Ucrânia.