Segundo o tenente-coronel, o ex-chefe do Comando de Operações Terrestres Estevam Theophilo afirmou que militares cumpririam determinação se ex-presidente Bolsonaro decretasse
O tenente-coronel Mauro Cid afirmou em depoimento ao STF (Supremo Tribunal Federal) nesta 2ª feira (9.jun.2025) que o ex-chefe do Coter (Comando de Operações Terrestres) general Estevam Theophilo disse que o Exército iria aderir à tentativa de golpe caso o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) determinasse.
“Por mais que os militares e alguns do Alto Comando concordassem ou tivessem a ideia da maneira que foi conduzido o processo eleitoral, eles não quebrariam um elo de legalidade. Para fazer algo, tinha que ter uma ordem e aí os comandantes teriam que fazer. Era nesse sentido que ele disse: ‘se ele [o ex-presidente Bolsonaro] assinar, vou ter que cumprir’”, disse Cid.
Theophilo teria sido convocado por Bolsonaro para uma reunião em 9 de dezembro de 2022. Cid afirmou não ter participado do encontro, mas disse que encontrou com o general na saída do Alvorada, que teria lhe afirmado que iria cumprir a determinação caso Bolsonaro assinasse o decreto.
O general também é réu na ação que investiga a tentativa de golpe em 2022. Segundo a investigação da PF (Polícia Federal), o ex-chefe do Coter teria consentido com a adesão ao golpe e é mencionado como “responsável operacional” pelo emprego dos militares, caso fosse concretizada a intervenção federal para manter Bolsonaro no poder.
INTERROGATÓRIOS
A 1ª Turma do STF começou nesta 2ª feira (9.jun) a interrogar os réus do núcleo crucial na ação penal por tentativa de golpe de Estado. Segundo a PGR, os integrantes desse grupo teriam sido responsáveis por liderar as ações da organização criminosa que tinha como objetivo impedir a posse de Lula.
Fazem parte do grupo:
- Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente da República;
- Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e deputado federal;
- Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal;
- Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional);
- Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e
- Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e candidato a vice-presidente em 2022.
Os interrogatórios devem ser finalizados até a 6ª feira (13.jun). O 1º a ser ouvido foi Mauro Cid, que fechou um acordo de colaboração com o STF. Os demais réus estão sendo interrogados na sequência, em ordem alfabética. A ordem foi estabelecida para que todos tenham conhecimento do que o delator falou e, assim, possam exercer o amplo direito de defesa.
Todos os réus do núcleo são obrigados a comparecer nos interrogatórios, mas podem permanecer em silêncio e responder a algumas ou nenhuma pergunta. O relator, ministro Alexandre de Moraes, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e os advogados podem perguntar. Se outros ministros da 1ª Turma comparecerem, também podem questionar os réus.
Depois de terem sido interrogados, os réus não precisam mais comparecer. O único do grupo que não irá até o plenário da 1ª Turma é o general Braga Netto, que está preso preventivamente no Rio de Janeiro desde dezembro. Ele participa por videoconferência.
Os interrogatórios fazem parte da etapa de instrução criminal –momento de produção de provas. Já foram ouvidas as testemunhas de acusação e defesa e ainda podem ser produzidas provas documentais e periciais que forem solicitadas pelas partes e autorizadas pelo relator, ministro Alexandre de Moraes.
Eventuais diligências para esclarecer algum fato apurado durante a instrução também podem ser realizadas. Só depois dessa etapa é que a acusação e as defesas devem apresentar suas alegações finais e Moraes preparará o relatório final para o julgamento.